sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Vida de S. Martinho Padroeiro de Sande

Publicada por A.Mendes


No dia em que se comemora o dia de S. Martinho Terras de Sande não pode deixar de publicar a sua história de vida

São Martinho de Tours.

Por Pe. Cléber Eduardo dos Santos Dias 
Fratres in Unum.com – São Martinho de Tours (316/Sabaria(Panônia)-397/Condate(França). Militar convertido à fé cristã, Martinho torna-se mais tarde Bispo de Tours onde exerce incansavelmente a caridade, funda mosteiros e por sua vida de santidade e milagres atrai e converte a milhares que viviam no paganismo ou viviam de modo débil como cristãos.
A caridade de São Martinho de Louis Anselme Longa.
A caridade de São Martinho de Louis Anselme Longa.
A fonte principal para conhecer a vida de S. Martinho é obra Vita S. Martini (Vida de S. Martinho) de Sulpício Severo. Outras fontes, como os quatro livros do De virtutibus S. Martini (Sobre as virtudes de S. Martinho) de Gregório de Tours e a Legenda Aurea de Tiago de Voragine, complementam as informações sobre o santo comemorado hoje.
Sobre suas origens apontam-se como datas prováveis de seu nascimento datas entre os anos de 317 ou até 326. Entretanto, fontes históricas nos permitem colocar como data segura de seu nascimento o ano de 316, pois aos dez anos, em 326, passa a fazer parte dos catecúmenos da Igreja. Com o intuito de afastá-lo da fé cristã e dar continuidade à geração de soldados na família, o pai o alista, contra sua vontade, aos 15 anos, na cavalaria do exército romano. Não obstante a contrariedade do pai, Martinho destaca-se já nessa idade no exercício da caridade cristã. Após o tempo de serviço na Itália, Martinho é destinado a servir nas Gálias.
A conversão completa de Martinho teria acontecido por volta do ano 331, na cidade de Samarobriva (atual Amiens) quando ocorreu o célebre encontro, num rigoroso inverno, de um mendigo que lhe pede a caridade. Sem ter nada de dinheiro consigo, Martinho corta com sua espada a longa capa que como cavaleiro portava. À noite, em um sonho, Cristo aparece a Martinho usando o pedaço da capa, revelando-lhe assim que o pobre que agasalhara era o próprio Senhor.
Martinho procura a todo custo terminar seu período de serviço militar para poder abandonar a antiga vida e iniciar um novo modo de viver como cristão. No ano de 338, pede o batismo e recebe a filiação divina, provavelmente ministrado por S. Hilário, então Bispo de Poitiers.
Entretanto, sua carreira no serviço militar continua até o ano de 354, quando passa a viver muito próximo para tornar-se discípulo de S. Hilário em Poitiers. O célebre e santo bispo ordena-o diácono. Martinho, que via nas obras e na pregação de S. Hilário o modelo a ser seguido, parte em destino à sua cidade na Panônia para tentar converter seus familiares e ir pregando o Evangelho pelos caminhos. A pregação de Martinho conquista um bom número de convertidos, entre eles, sua mãe. Na época a Panônia estava sob forte influência da heresia ariana e em Martinho encontra um acérrimo defensor da ortodoxia cristã e apologeta. Formado na escola de S. Hilário e com o mesmo ímpeto militar na defesa da fé, por sua pregação, Martinho converte a muitos do erro ariano para a reta fé. Não tardou para que os partidários do arianismo, influentes na corte local, consigam a expulsão de Martinho de sua terra natal.
Martinho volta para a Itália e recolhe-se como monge na Ilha da Galinária no Mar Tirreno. A Ilha da Galinária era um lugar caro para S. Martinho, pois fora nela que vira o milagre operado por S. Hilário ao acabar com as serpentes apenas com sua pregação. Sobre este milagre da morte das serpentes, os autores antigos nos narram como um fato histórico envolvendo o Bispo de Poitiers e os animais peçonhentos que infestavam a ilha; embora a tradição coeva nos traga também a informação que os arianos eram chamados de serpentes e que havia uma comunidade ariana em tal ilha.
Aos 45 anos de idade, no ano de 361, S. Martinho sai de sua vida reclusa e volta às Gálias. Coincidentemente, na mesma data que S. Hilário retoma o governo da diocese de Poitiers. As vidas, pois, de S. Martinho e de seu mestre, S. Hilário, foram ligadas e marcadas por uma defesa inabalável da fé cristã contra o arianismo, ambos desterrados de suas funções por defenderem a verdade.
Hilário fora convocado à corte imperial (na época em Milão) por opor-se à nomeação de Auxêncio para o bispado da cidade imperial sob a acusação de o candidato do Imperador Valentiniano I ser um heterodoxo que defendia idéias arianas. A autoridade do Imperador Valentiniano prevaleceu sobre a ortodoxia de S. Hilário e ele foi expuso da corte e impedido de retornar à sua diocese; enquanto que S. Martinho fora expulso da Panônia e banido do círculo eclesiástico por defender a ortodoxia cristã contra a nefasta influência ariana.
Após o retorno definitivo de S. Hilário à Poitiers, Martinho vai ao seu encontro e recebe de seu bispo como doação um terreno em Ligugé, onde funda um mosteiro para a vida em comum. S. Martinho torna-se, desta forma, o primeiro fundador da vida monástica no Ocidente.
Como monge e tendo sido ordenado sacerdote, S. Martinho desenvolve intenso apostolado evangelizador nas Gálias, convertendo as populações rurais ao entorno do mosteiro. Martinho e seus monges, longe de qualquer idéia ecumênica, visitavam as aldeias pagãs pregando o Evangelho e ensinando a todos a abandonar o paganismo e o arianismo, destruindo estelas e lugares consagrados aos deuses pagãos. Nos lugares onde encontrava maior resistência, criava uma pequena comunidade monástica para mostrar pela vida de seus monges a verdade da Fé e o modo de vida caritativo dos verdadeiros cristãos. Dizem-nos as crônicas que populações inteiras se convertiam pelo exemplo de S. Martinho e seus monges.
Tendo recebido poderes taumatúrgicos, S. Martinho operava muitos milagres em nome de Cristo, curando os doentes e expulsando os demônios.
Ao vagar a diocese de Tours no ano de 371, Martinho, contando 55 anos, foi aclamado unanimemente pelo povo como novo bispo. Apesar de resistir ao encargo, pois pensava que as funções de bispo o impediriam de ser um pregador e defensor da fé, S. Martinho termina por aceitar tal múnus, sem no entanto descuidar da visitação e pregação apostólica.
Sua benéfica e caritativa influência não se restringiu a Tours, mas visitou muitos lugares e paróquias, sempre zelando pelo culto, pela formação do povo e pelo cultivo da caridade.
Durante vinte e cinco anos, S. Martinho exerceu as funções de Bispo de Tours, fundou dezenas de comunidades religiosas e um outro grande mosteiro (Marmoutier).
Alquebrado pela fadiga apostólica, S. Martinho encontrava-se com oitenta e um anos quando a população clama pela ação enérgica de seu bispo em defesa da fé; ao que o santo bispo teria respondido: “Senhor, se o vosso povo precisa de mim, não vou fugir do trabalho. Seja feita a vossa vontade.”
Aos 8 de Novembro de 397, S. Martinho encontrava-se visitando Condate (atual Rennes) quando entregou sua vida repleta de dons e obras ao Senhor.
As primícias de S. Martinho:
S. Martinho de Tours foi o primeiro santo não mártir a ser reconhecido e cultuado pela Igreja.
Foi ele quem fundou a primeira escola – ligada ao bispado de Tours -, poderíamos dizer que é o padroeiro das escolas católicas.
O templo primitivo no qual se venerava a memória de S. Martinho foi chamado pelo povo de “capela”, por estar ligada a vida do santo à história de ter dado parte de sua capa ao mendigo.
A dinastia capetíngea (dos capetos, reis da França) teria este nome por ter recebido parte da capa de S. Martinho.
Somente na França quatro mil igrejas recebem o patrocínio de S. Martinho, há inúmeras outras igrejas em todo o mundo dedicadas à sua memória.
Povos inteiros como os franceses e portugueses celebram o dia de S. Martinho no dia 11 de Novembro por ser a data da deposição de seu corpo em Tours.