sexta-feira, 2 de junho de 2017

Incendio em habitação

Publicada por A.Mendes


O nome da Rua onde se deu o incêndio é Rua Padre António Francisco Ribeiro junto á Igreja







Um homem necessitou de receber assistência hospitalar devido à inalação de fumo, na sequência de um incêndio numa habitação em Sande São Martinho, ao início da noite desta quinta-feira.
Ao que apuramos, a vítima, que se encontrava nas imediações, acudiu aos pedidos de ajuda vindos da habitação onde mora um casal de idosos.
O alerta foi dado pouco depois das 19:30 horas, tendo os Bombeiros Voluntários das Taipas mobilizado para a ocorrência 12 operacionais e 4 viaturas. No local esteve também presente a GNR.
O incêndio destruiu um dos quartos da habitação, tendo as restantes divisões ficado danificadas pelo fumo libertado pelo fogo. Os trabalhos foram dados por concluídos pelas 20:30 horas.




terça-feira, 30 de maio de 2017

Já é conhecida a candidata da CDU ás Eleições Autárquicas

Publicada por A.Mendes



Em Guimarães, à semelhança do resto do pais, a CDU tem mantido uma presença e uma intervenção constante no Poder Local.
Para lá da postura ímpar dos seus eleitos nos municípios e freguesias, em maioria como em minoria, também as opções políticas e o projecto que corporizam distinguem a CDU das restantes forças no Poder Local.
Longe de constituir um mero slogan, a expressão «Trabalho, Honestidade, Competência» remete para um projecto, um estilo de gestão, uma forma de exercício do poder, um conjunto de opções, orientações e prioridades que tornam a CDU uma força com presença distintiva no Poder Local.
Assumir uma candidatura da CDU, sendo ela colectiva, é sempre um desafio e uma enorme responsabilidade para o candidato, e que na maioria dos casos exige sacrifícios pessoais, mas principalmente determinação e convicção.
Marina Cristiana da Silva Ribeiro, 37 anos, é a candidata da CDU a presidente da Junta de Freguesia de Sande São Martinho.
Marina Cristiana acompanha há vários mandatos a atividade do eleito e do colectivo da CDU em Sande São Martinho, pelo que conhece o património e histórico da vida política da freguesia e a intervenção da CDU, mas manteve sempre uma actividade social também ela intensa, seja no movimento associativo, seja na vida da comunidade.
Foram as características únicas do projecto autárquico da CDU, o seu carácter amplamente participado e a forma honesta, competente e empenhada como os seus eleitos exercem os seus mandatos que me levaram a abraçar este desafio.
Marina Cristiana

terça-feira, 11 de abril de 2017

Uma História de vida

Publicada por A.Mendes


Terras de Sande publica hoje uma entrevista dada por Reinaldo Silva ao Jornal Reflexo das Caldas das Taipas ao qual agradecemos a gentileza da cedência da entrevista. É uma História de vida de uma pessoa de Sande S. Martinho que com a sua paixão pelos cavalos abraçou uma carreira na qual se sente realizado. O Terras de Sande dá os parabéns ao Reinaldo pela sua carreira.


Clique aqui para ver a entrevista em PDF



Leia e assine o Jornal o Reflexo


sexta-feira, 31 de março de 2017

Comemora 100 Anos a Senhora D. Maria Silva

Publicada por A.Mendes


Comemora 100 anos a Senhora D. Maria Silva residente na Rua Maria Helena Caldas, Terras de Sande e eu particularmente António Mendes endereçamos-lhe os mais sinceros parabéns e um abraço a toda a Familia.

Muitas felicidades.

domingo, 26 de março de 2017

Novo Comandante dos Bombeiros das Taipas

Publicada por A.Mendes

Fonte:Guimarães Digital.pt


 VÍDEO: Rafael Silva já é o novo Comandante dos Bombeiros Voluntários das Taipas

VÍDEO: RAFAEL SILVA JÁ É O NOVO COMANDANTE DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DAS TAIPAS

SOCIEDADE25 DE MARÇO, 2017 19:46
Rafael Silva já é o novo Comandante dos Bombeiros Voluntários das Taipas. A cerimónia de tomada de posse realizou-se esta tarde no quartel da corporação. 
Devido à chuva, o evento que começou na parada terminou no interior do edifício de aparcamento das viaturas.
Na carta de missão, o Comandante Rafael Silva que agora lidera 125 homens e mulheres que servem a corporação taipense traçou um compromisso assente na "organização, disciplina e formação".
Na passagem de testemunho, o Presidente da Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Taipas, José Luís Oliveira, pediu aos elementos da corporação "lealdade e solidariedade para com o novo comandante".
Já o Comandante Rafael Silva enalteceu o papel dos "homens e mulheres que se dedicam de corpo e alma ao voluntariado", partilhando com uma frase que adoptou como sendo o espírito da missão que abraçaram: "faz o que podes, pede ajuda para o que não podes, e tudo consegues".
O Presidente da Direcção, José Machado, desejou "um bom exercício nas novas funções" ao Comandante Rafael Silva, elogiando ainda o Segundo Comandante Ernesto Soares e Hermenegildo Abreu, agora Comandante Distrital de Braga da Protecção Civil.
Na cerimónia de tomada de posse, o Presidente da Câmara de Guimarães congratulou-se com a actuação dos bombeiros, "pela sua inteira disponibilidade para protegerem as pessoas e bens, dando "tranquilidade e sossego". "Feliz o Presidente da Câmara que tem bombeiros desta excelência", afirmou Domingos Bragança. 
O Autarca reiterou que será aprovado um quadro de apoios aos bombeiros, no seu estatuto individual, com "incentivos municipais que gostaria que tivesse a abrangência de apoio a nível nacional". "Cada um tem de dar o passo que pode e a nível brevemente serão aprovados incentivos, no âmbito dos impostos municipais e outros benefícios para que quem exerça voluntariado nos bombeiros tenha essa discriminação positiva", assumiu.

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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Vida de S. Martinho Padroeiro de Sande

Publicada por A.Mendes


No dia em que se comemora o dia de S. Martinho Terras de Sande não pode deixar de publicar a sua história de vida

São Martinho de Tours.

Por Pe. Cléber Eduardo dos Santos Dias 
Fratres in Unum.com – São Martinho de Tours (316/Sabaria(Panônia)-397/Condate(França). Militar convertido à fé cristã, Martinho torna-se mais tarde Bispo de Tours onde exerce incansavelmente a caridade, funda mosteiros e por sua vida de santidade e milagres atrai e converte a milhares que viviam no paganismo ou viviam de modo débil como cristãos.
A caridade de São Martinho de Louis Anselme Longa.
A caridade de São Martinho de Louis Anselme Longa.
A fonte principal para conhecer a vida de S. Martinho é obra Vita S. Martini (Vida de S. Martinho) de Sulpício Severo. Outras fontes, como os quatro livros do De virtutibus S. Martini (Sobre as virtudes de S. Martinho) de Gregório de Tours e a Legenda Aurea de Tiago de Voragine, complementam as informações sobre o santo comemorado hoje.
Sobre suas origens apontam-se como datas prováveis de seu nascimento datas entre os anos de 317 ou até 326. Entretanto, fontes históricas nos permitem colocar como data segura de seu nascimento o ano de 316, pois aos dez anos, em 326, passa a fazer parte dos catecúmenos da Igreja. Com o intuito de afastá-lo da fé cristã e dar continuidade à geração de soldados na família, o pai o alista, contra sua vontade, aos 15 anos, na cavalaria do exército romano. Não obstante a contrariedade do pai, Martinho destaca-se já nessa idade no exercício da caridade cristã. Após o tempo de serviço na Itália, Martinho é destinado a servir nas Gálias.
A conversão completa de Martinho teria acontecido por volta do ano 331, na cidade de Samarobriva (atual Amiens) quando ocorreu o célebre encontro, num rigoroso inverno, de um mendigo que lhe pede a caridade. Sem ter nada de dinheiro consigo, Martinho corta com sua espada a longa capa que como cavaleiro portava. À noite, em um sonho, Cristo aparece a Martinho usando o pedaço da capa, revelando-lhe assim que o pobre que agasalhara era o próprio Senhor.
Martinho procura a todo custo terminar seu período de serviço militar para poder abandonar a antiga vida e iniciar um novo modo de viver como cristão. No ano de 338, pede o batismo e recebe a filiação divina, provavelmente ministrado por S. Hilário, então Bispo de Poitiers.
Entretanto, sua carreira no serviço militar continua até o ano de 354, quando passa a viver muito próximo para tornar-se discípulo de S. Hilário em Poitiers. O célebre e santo bispo ordena-o diácono. Martinho, que via nas obras e na pregação de S. Hilário o modelo a ser seguido, parte em destino à sua cidade na Panônia para tentar converter seus familiares e ir pregando o Evangelho pelos caminhos. A pregação de Martinho conquista um bom número de convertidos, entre eles, sua mãe. Na época a Panônia estava sob forte influência da heresia ariana e em Martinho encontra um acérrimo defensor da ortodoxia cristã e apologeta. Formado na escola de S. Hilário e com o mesmo ímpeto militar na defesa da fé, por sua pregação, Martinho converte a muitos do erro ariano para a reta fé. Não tardou para que os partidários do arianismo, influentes na corte local, consigam a expulsão de Martinho de sua terra natal.
Martinho volta para a Itália e recolhe-se como monge na Ilha da Galinária no Mar Tirreno. A Ilha da Galinária era um lugar caro para S. Martinho, pois fora nela que vira o milagre operado por S. Hilário ao acabar com as serpentes apenas com sua pregação. Sobre este milagre da morte das serpentes, os autores antigos nos narram como um fato histórico envolvendo o Bispo de Poitiers e os animais peçonhentos que infestavam a ilha; embora a tradição coeva nos traga também a informação que os arianos eram chamados de serpentes e que havia uma comunidade ariana em tal ilha.
Aos 45 anos de idade, no ano de 361, S. Martinho sai de sua vida reclusa e volta às Gálias. Coincidentemente, na mesma data que S. Hilário retoma o governo da diocese de Poitiers. As vidas, pois, de S. Martinho e de seu mestre, S. Hilário, foram ligadas e marcadas por uma defesa inabalável da fé cristã contra o arianismo, ambos desterrados de suas funções por defenderem a verdade.
Hilário fora convocado à corte imperial (na época em Milão) por opor-se à nomeação de Auxêncio para o bispado da cidade imperial sob a acusação de o candidato do Imperador Valentiniano I ser um heterodoxo que defendia idéias arianas. A autoridade do Imperador Valentiniano prevaleceu sobre a ortodoxia de S. Hilário e ele foi expuso da corte e impedido de retornar à sua diocese; enquanto que S. Martinho fora expulso da Panônia e banido do círculo eclesiástico por defender a ortodoxia cristã contra a nefasta influência ariana.
Após o retorno definitivo de S. Hilário à Poitiers, Martinho vai ao seu encontro e recebe de seu bispo como doação um terreno em Ligugé, onde funda um mosteiro para a vida em comum. S. Martinho torna-se, desta forma, o primeiro fundador da vida monástica no Ocidente.
Como monge e tendo sido ordenado sacerdote, S. Martinho desenvolve intenso apostolado evangelizador nas Gálias, convertendo as populações rurais ao entorno do mosteiro. Martinho e seus monges, longe de qualquer idéia ecumênica, visitavam as aldeias pagãs pregando o Evangelho e ensinando a todos a abandonar o paganismo e o arianismo, destruindo estelas e lugares consagrados aos deuses pagãos. Nos lugares onde encontrava maior resistência, criava uma pequena comunidade monástica para mostrar pela vida de seus monges a verdade da Fé e o modo de vida caritativo dos verdadeiros cristãos. Dizem-nos as crônicas que populações inteiras se convertiam pelo exemplo de S. Martinho e seus monges.
Tendo recebido poderes taumatúrgicos, S. Martinho operava muitos milagres em nome de Cristo, curando os doentes e expulsando os demônios.
Ao vagar a diocese de Tours no ano de 371, Martinho, contando 55 anos, foi aclamado unanimemente pelo povo como novo bispo. Apesar de resistir ao encargo, pois pensava que as funções de bispo o impediriam de ser um pregador e defensor da fé, S. Martinho termina por aceitar tal múnus, sem no entanto descuidar da visitação e pregação apostólica.
Sua benéfica e caritativa influência não se restringiu a Tours, mas visitou muitos lugares e paróquias, sempre zelando pelo culto, pela formação do povo e pelo cultivo da caridade.
Durante vinte e cinco anos, S. Martinho exerceu as funções de Bispo de Tours, fundou dezenas de comunidades religiosas e um outro grande mosteiro (Marmoutier).
Alquebrado pela fadiga apostólica, S. Martinho encontrava-se com oitenta e um anos quando a população clama pela ação enérgica de seu bispo em defesa da fé; ao que o santo bispo teria respondido: “Senhor, se o vosso povo precisa de mim, não vou fugir do trabalho. Seja feita a vossa vontade.”
Aos 8 de Novembro de 397, S. Martinho encontrava-se visitando Condate (atual Rennes) quando entregou sua vida repleta de dons e obras ao Senhor.
As primícias de S. Martinho:
S. Martinho de Tours foi o primeiro santo não mártir a ser reconhecido e cultuado pela Igreja.
Foi ele quem fundou a primeira escola – ligada ao bispado de Tours -, poderíamos dizer que é o padroeiro das escolas católicas.
O templo primitivo no qual se venerava a memória de S. Martinho foi chamado pelo povo de “capela”, por estar ligada a vida do santo à história de ter dado parte de sua capa ao mendigo.
A dinastia capetíngea (dos capetos, reis da França) teria este nome por ter recebido parte da capa de S. Martinho.
Somente na França quatro mil igrejas recebem o patrocínio de S. Martinho, há inúmeras outras igrejas em todo o mundo dedicadas à sua memória.
Povos inteiros como os franceses e portugueses celebram o dia de S. Martinho no dia 11 de Novembro por ser a data da deposição de seu corpo em Tours.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Lenda dos Quatro Irmãos

Publicada por A.Mendes



Para lembrar parte da História de Sande S. Martinho, voltamos a publicar a Lenda dos Quatro Irmãos.


Lenda dos Quatro Irmãos

APL 2719
Eram quatro irmãos. Fortes e belos. E amigos. Como não se conheciam outros. Quatro irmãos, órfãos de pai e mãe. Mas tão unidos que serviam de exemplo. Exemplo de lealdade e de compreensão.
Pois os quatro irmãos viviam ali, na freguesia de Sande, no cenário paradisíaco do Minho, e andavam sempre juntos. Um dia, o mais velho disse para os outros três:
— Rapazes! Vamos hoje à Feira Grande... Já tenho o carro aparelhado.
Voltou-se para o mais novo.
— Tu, arranja o farnel!... Leva bastante comida, hem! Vamos lá passar todo o dia e talvez mesmo um bocado da noite.
Depois dirigiu-se aos outros dois:
— E vocês preparem mantas para o regresso. Podemos voltar tarde e é capaz de arrefecer. Temos de ter cautela com a saúde!
Não tardaram a ser cumpridas as ordens do irmão mais velho. Este esfregou as mãos, jubilosamente.
— Assim, até apetece... Quando nós, os quatro irmãos, nos metemos ao trabalho, tudo se faz num instante!
Riram todos. Quatro gargalhadas frescas e sadias.
Apontando o carro já preparado para a viagem, o irmão mais velho acentuou:
— Vai ser um dia bem passado, lá isso vai!... Ou muito me engano, ou a Feira Grande este ano subirá de fama nas redondezas!
Os outros três corroboraram logo:
— Claro! Nós somos bem conhecidos e já nos esperam com toda a certeza!
— Seremos mais uma vez a grande atracção da feira, vocês vão ver!
— Quem é que pode resistir à boa amizade de nós quatro?...
E os quatro irmãos tomaram os seus lugares no carro e abalaram de corrida para a Feira Grande.
Tudo se passou tal como eles pensavam. A certa altura, tinham-se transformado nos heróis da Feira Grande. Quatro heróis. Sempre juntos, sempre amigos!
Porém, a multidão foi crescendo, aumentando, e acabou por separá-los, mau grado deles.
O mais novo dos quatro irmãos viu-se de súbito diante duma jovem de extraordinária formosura. Pareceu um pouco aturdido. Não se sentia bem. Faltava-lhe a companhia dos outros três. E tentou continuar à procura deles. Mas a jovem formosa cortou-lhe a passagem, olhou-o bem de frente e disse sorrindo:
— Escusais de pensar encontrar agora os vossos irmãos.
E acentuando o riso e o olhar:
— Fui eu própria que vos separei.
O mais novo dos quatro reflectiu primeiro surpresa, depois curiosidade.
— Vós, Senhora?... Mas para quê?... Por que motivo?
Ela inclinou-se para a frente. O seu perfume perturbou-o.
— Não gosto de concorrentes... Até à vossa chegada, era eu a rainha da festa!
Foi a vez do jovem sorrir.
— E continuais a ser, sem dúvida alguma…
Depois, talvez arrastado pelo perfume que aspirava, prosseguiu:
— A vossa beleza, Senhora, é superior a tudo quanto nos rodeia!
Ela meneou os seus belos cabelos negros, num ar de graça.
— Obrigada pelo madrigal!... Já vejo que sois poeta!
O rapaz começou a sentir-se mais à vontade.
— Se poesia se pode chamar à verdade, Senhora... Então, sim, sou poeta para cantar a vossa formosura...
Sem querer (ou talvez não) as mãos dela tocaram as mãos dele.
— Deveras me lisonjeais com tais palavras... Embora ainda tão novo, já sabeis falar muito bem!
O seu olhar tornou-se muito triste.
— Mas serei eu merecedora de tanta atenção?...
O mais novo dos quatro irmãos empertigou-se. Ganhou figura.
— Digo-vos mais, Senhora… Se vós quisésseis…
— Se eu quisesse?...
— Poderíamos ser felizes!
Calaram-se. Ela, a meditar. Ele, surpreendido com a ousadia das suas próprias palavras. E ainda desta vez foi a jovem bela e estranha a primeira a falar.
— Que dirão os vossos irmãos… quando souberem do nosso encontro?
Ele pareceu cair do sonho na realidade. Teve um movimento brusco de enervamento, a traduzir íntima inquietação.
— Tendes razão, Senhora... Preciso de falar imediatamente com os meus irmãos.
E agora, atrevidamente, foi o rapaz quem segurou as mãos dela, apertando-as nas suas. Com a violência do amor da juventude.
— Senhora, por tudo vos peço que não vos afasteis daqui... Eu voltarei em breve, para ficarmos juntos até a feira acabar!
Multiplicando-se em esforços, o mais novo dos quatro irmãos foi rompendo por entre a multidão, até que finalmente conseguiu encontrar os outros.
Ofegante, correu para eles.
— Irmãos!... Irmãos!... Ainda bem que os encontrei!
O mais velho fitou-o. Curioso e inquieto. Talvez desconfiado.
— Que se passa? Que tens tu?
Então o outro, lentamente, olhou os três, um por um, e disse devagar, silabando bem para que ouvissem melhor.
— Apaixonei-me!
Houve gargalhadas. Mas gargalhadas diferentes. Conforme as reacções de cada um.
— Deves ter bebido, com certeza!
— Apaixonado? Por alguma rapariguita da tua idade?
— Que partida é essa que tu nos queres pregar?
Mas, sem fazer caso, nem da troça, nem do desdém, nem da descrença, o mais novo dos quatro contou o seu maravilhoso encontro com a jovem formosa.
Os comentários choveram imediatamente:
— Se ela é assim, eu também a quero ver!
— Primeiro estou eu, que sou mais velho do que tu!
— Isso não interessa... Quem chegar primeiro é que vence!
— Porque não a trouxeste contigo?
— Foste um parvo! A esta hora já fugiu...
— Eu vou procurá-la!
— Nada disso... Quem vai sou eu!
De repente, o irmão mais velho resolveu impôr a sua autoridade. Pela primeira vez na vida dos quatros irmãos.
— Calem-se! Sou eu o mais velho de todos... Portanto sou eu que vou falar com a tal jovem... Depois lhes direi a minha opinião.
Simplesmente, tal como se conta, ele esqueceu-se de perguntar qual o local onde a rapariga ficara. E, assim, teve de percorrer a Feira Grande em várias direcções, sem que a descobrisse.
Já estava prestes a desistir, quando ouviu alguém rir mesmo junto de si. Voltou-se. Era uma rapariga estranhamente bela.
— Não me digais que sois vós o tal irmão mais velho que anda à minha procura...
Ele suspirou. Encontrara-a, finalmente! E confessou:
— Sou eu, sim... E tenho muito prazer em verificar que o meu irmão mais novo falou verdade!
Ela tornou a rir. Um riso cristalino mas esquisito…
— Perdoai, Senhora… Posso saber porque razão estais tão alegre?
Ela envolveu-o num olhar meigo e perturbador. Incómodo também.
— Estou a rir… porque já todos passaram por aqui... Os outros vossos três irmãos.
— Eles fizeram isso?
— E porque não?
As duas perguntas quase se chocaram. Depois o irmão mais velho tentou esclarecer:
— Não o deviam ter feito... Sabiam que eu tinha vindo precisamente à vossa procura... Para falar primeiro convosco, Senhora!... Eu tenho essa primazia. Sou o mais velho dos quatro!
Os olhos dela semicerraram-se, num olhar felino.
— Pois escutai, então... Eles passaram por aqui... e estão apaixonados por mim!
Seria um desafio? Ele assim o entendeu. E não hesitou na resposta:
— Pior para eles!... Só eu, Senhora, tenho direito ao vosso amor!
A surpresa pareceu estampar-se no rosto da rapariga. Surpresa sincera. Surpresa grande.
— Como? Que dizeis?... Tendes o direito ao meu amor? Porquê?...
Ele compreendeu que se excedera. Procurou adoçar a explicação:
— Bem vedes, Senhora… Sou o mais velho dos quatro… O mais experiente... O que mais vos pode oferecer... Os outros dependem de mim... Entendeis-me, não é assim? Como mais velho, devo ter sempre a prioridade!
Ela pareceu não se conformar.
— Enganais-vos. Em amor, não há prioridade. Só eu posso decidir. Ouvis bem? Só eu quero decidir!
O homem achou melhor não prolongar a discussão. E limitou-se a perguntar:
— Se assim é… que decidis?
Altiva, mais bela do que nunca, a estranha desconhecida ditou então ao vento a sua resposta, como se o vento levasse as palavras para a eternidade:
— Quereis saber o que eu disse aos vossos três irmãos?... Escutai, pois: Casarei com aquele que entre vós for o mais valente e o mais forte!
Agora foi ele a rir. Um riso de triunfo.
— Mas, Senhora, eu sou tudo isso!
E logo ela, num ar gaiato e provocante, inquiriu:
— Como o provais?...
Diante da falta de resposta, continuou:
— Cada um dos vossos três irmãos afirmou também que era o mais forte e o mais valente!
— Mas eu sou o mais velho, Senhora!
Ela encolheu os ombros, espicaçando-lhe o brio.
— Isso nada prova!
O homem agarrou-a pelos ombros, numa decisão súbita.
— Que desejais?
E a rapariga, libertando-se sem grande esforço, acentuou pausadamente:
— Já que me quereis... é preciso que os quatro lutem entre si, até que um fique vencedor dos outros três... Esse será o mais valente e o mais forte. E esse será também o que me conquistará!
O mais velho dos quatro baixou a cabeça. Parecia vergado por um peso enorme. Talvez o peso da própria consciência.
— Senhora, o que pedis é realmente terrível!... Assim se destruirá para sempre a amizade dos quatro irmãos... Uma amizade que vale como exemplo, Senhora!
A resposta dela foi cruel, mas excitante:
— Eu só poderei pertencer a um de vós… e não aos quatro! Não pensais assim?
O homem hesitou ainda, antes de falar. Por fim, as palavras saíram em voz soturna:
— Pois será satisfeito o vosso desejo, senhora... Vou à procura dos meus irmãos!
Mas logo a jovem formosa, intencionalmente aproximou-se dele e apontou para bem perto.
— Não vos canseis... Eles já estão à vossa espera, lá em baixo...

Foi um encontro brutal. Os quatro irmãos (antigamente tão amigos e unidos, como outros não havia) olhavam-se agora cheios de rancor.
Pela primeira vez nascera o ódio entre eles. Um teria de matar os outros, para mostrar que era o mais forte e o mais valente. E conquistar aquela mulher estranhamente bela, que os olhava lá de cima, como que envolta numa auréola de luz. De luz ou de fogo?...
A luta começou. Luta de vida ou de morte. De qualquer modo, luta de tragédia, entre quatro irmãos que até bem pouco antes eram exemplo de compreensão e lealdade!
O mais velho foi afinal o primeiro a sucumbir... Depois outro... E logo outro... Por prodígio, aquele que conseguira resistir até ao fim era o mais novo. Mas também pouco lhe restava de vida. Ele bem o compreendeu, ao olhar os corpos dos irmãos caídos por terra.
E então, sem voltar a olhar sequer lá para o cimo, onde estava a mulher desejada, começou a arrastar-se, com as poucas forças que lhe restavam, a caminho da igrejinha que ficava próximo dali...
Foi desse modo que lá conseguiu chegar. Esvaindo-se em sangue. Morrendo aos poucos.
Quis levantar-se, mas caiu nos braços do prior.
— Padre, meu bom padre… ajudai-me!
O sacerdote impressionou-se.
— Meus Deus! Nesse estado… Mas que aconteceu?
Em voz agonizante, mal se ouvindo por vezes, o pobre rapaz, único sobrevivente dos quatro irmãos, contou a sua história triste. Triste e dolorosa.
O padre benzeu-se rapidamente e benzeu o moribundo.
— Meu pobre filho... Tu e os teus irmãos foram certamente enganados pelo Demónio, na figura de uma mulher perversa...
E suspirando, de olhos erguidos ao céu:
— Meus Deus, fazei que ao menos se possam salvar as suas almas!
Com muito custo, o sacerdote conseguiu levar o rapaz agonizante ao local onde se desenrolara a terrível e singular batalha. Mas, chegados aí o jovem não resistiu mais. Tombou também para sempre, ao lado dos outros. De novo estavam juntos, os quatro irmãos!
Lá os enterrou, o bom sacerdote, colocando-os lado a lado, e rezando-lhes as últimas orações, para que as almas não se perdessem.
E fosse pelo que fosse, a verdade é que sobre a campa de cada um dos quatro irmãos surgiu, mais tarde, um penedo, que passou a marcar para o futuro a triste sepultura…
E a povoação que depois se ergueu nesse mesmo local ficou a denominar-se a Terra dos Quatro Irmãos. E, mais modernamente, apenas Quatro Irmãos.
Fonte BiblioMARQUES, Gentil Lendas de Portugal Lisboa, Círculo de Leitores, 1997 [1962] , p.Volume I, pp. 241-246
Place of collectionSande (São Martinho)GUIMARÃES, BRAGA
Narrativa