sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Vida de S. Martinho Padroeiro de Sande

Publicada por A.Mendes


No dia em que se comemora o dia de S. Martinho Terras de Sande não pode deixar de publicar a sua história de vida

São Martinho de Tours.

Por Pe. Cléber Eduardo dos Santos Dias 
Fratres in Unum.com – São Martinho de Tours (316/Sabaria(Panônia)-397/Condate(França). Militar convertido à fé cristã, Martinho torna-se mais tarde Bispo de Tours onde exerce incansavelmente a caridade, funda mosteiros e por sua vida de santidade e milagres atrai e converte a milhares que viviam no paganismo ou viviam de modo débil como cristãos.
A caridade de São Martinho de Louis Anselme Longa.
A caridade de São Martinho de Louis Anselme Longa.
A fonte principal para conhecer a vida de S. Martinho é obra Vita S. Martini (Vida de S. Martinho) de Sulpício Severo. Outras fontes, como os quatro livros do De virtutibus S. Martini (Sobre as virtudes de S. Martinho) de Gregório de Tours e a Legenda Aurea de Tiago de Voragine, complementam as informações sobre o santo comemorado hoje.
Sobre suas origens apontam-se como datas prováveis de seu nascimento datas entre os anos de 317 ou até 326. Entretanto, fontes históricas nos permitem colocar como data segura de seu nascimento o ano de 316, pois aos dez anos, em 326, passa a fazer parte dos catecúmenos da Igreja. Com o intuito de afastá-lo da fé cristã e dar continuidade à geração de soldados na família, o pai o alista, contra sua vontade, aos 15 anos, na cavalaria do exército romano. Não obstante a contrariedade do pai, Martinho destaca-se já nessa idade no exercício da caridade cristã. Após o tempo de serviço na Itália, Martinho é destinado a servir nas Gálias.
A conversão completa de Martinho teria acontecido por volta do ano 331, na cidade de Samarobriva (atual Amiens) quando ocorreu o célebre encontro, num rigoroso inverno, de um mendigo que lhe pede a caridade. Sem ter nada de dinheiro consigo, Martinho corta com sua espada a longa capa que como cavaleiro portava. À noite, em um sonho, Cristo aparece a Martinho usando o pedaço da capa, revelando-lhe assim que o pobre que agasalhara era o próprio Senhor.
Martinho procura a todo custo terminar seu período de serviço militar para poder abandonar a antiga vida e iniciar um novo modo de viver como cristão. No ano de 338, pede o batismo e recebe a filiação divina, provavelmente ministrado por S. Hilário, então Bispo de Poitiers.
Entretanto, sua carreira no serviço militar continua até o ano de 354, quando passa a viver muito próximo para tornar-se discípulo de S. Hilário em Poitiers. O célebre e santo bispo ordena-o diácono. Martinho, que via nas obras e na pregação de S. Hilário o modelo a ser seguido, parte em destino à sua cidade na Panônia para tentar converter seus familiares e ir pregando o Evangelho pelos caminhos. A pregação de Martinho conquista um bom número de convertidos, entre eles, sua mãe. Na época a Panônia estava sob forte influência da heresia ariana e em Martinho encontra um acérrimo defensor da ortodoxia cristã e apologeta. Formado na escola de S. Hilário e com o mesmo ímpeto militar na defesa da fé, por sua pregação, Martinho converte a muitos do erro ariano para a reta fé. Não tardou para que os partidários do arianismo, influentes na corte local, consigam a expulsão de Martinho de sua terra natal.
Martinho volta para a Itália e recolhe-se como monge na Ilha da Galinária no Mar Tirreno. A Ilha da Galinária era um lugar caro para S. Martinho, pois fora nela que vira o milagre operado por S. Hilário ao acabar com as serpentes apenas com sua pregação. Sobre este milagre da morte das serpentes, os autores antigos nos narram como um fato histórico envolvendo o Bispo de Poitiers e os animais peçonhentos que infestavam a ilha; embora a tradição coeva nos traga também a informação que os arianos eram chamados de serpentes e que havia uma comunidade ariana em tal ilha.
Aos 45 anos de idade, no ano de 361, S. Martinho sai de sua vida reclusa e volta às Gálias. Coincidentemente, na mesma data que S. Hilário retoma o governo da diocese de Poitiers. As vidas, pois, de S. Martinho e de seu mestre, S. Hilário, foram ligadas e marcadas por uma defesa inabalável da fé cristã contra o arianismo, ambos desterrados de suas funções por defenderem a verdade.
Hilário fora convocado à corte imperial (na época em Milão) por opor-se à nomeação de Auxêncio para o bispado da cidade imperial sob a acusação de o candidato do Imperador Valentiniano I ser um heterodoxo que defendia idéias arianas. A autoridade do Imperador Valentiniano prevaleceu sobre a ortodoxia de S. Hilário e ele foi expuso da corte e impedido de retornar à sua diocese; enquanto que S. Martinho fora expulso da Panônia e banido do círculo eclesiástico por defender a ortodoxia cristã contra a nefasta influência ariana.
Após o retorno definitivo de S. Hilário à Poitiers, Martinho vai ao seu encontro e recebe de seu bispo como doação um terreno em Ligugé, onde funda um mosteiro para a vida em comum. S. Martinho torna-se, desta forma, o primeiro fundador da vida monástica no Ocidente.
Como monge e tendo sido ordenado sacerdote, S. Martinho desenvolve intenso apostolado evangelizador nas Gálias, convertendo as populações rurais ao entorno do mosteiro. Martinho e seus monges, longe de qualquer idéia ecumênica, visitavam as aldeias pagãs pregando o Evangelho e ensinando a todos a abandonar o paganismo e o arianismo, destruindo estelas e lugares consagrados aos deuses pagãos. Nos lugares onde encontrava maior resistência, criava uma pequena comunidade monástica para mostrar pela vida de seus monges a verdade da Fé e o modo de vida caritativo dos verdadeiros cristãos. Dizem-nos as crônicas que populações inteiras se convertiam pelo exemplo de S. Martinho e seus monges.
Tendo recebido poderes taumatúrgicos, S. Martinho operava muitos milagres em nome de Cristo, curando os doentes e expulsando os demônios.
Ao vagar a diocese de Tours no ano de 371, Martinho, contando 55 anos, foi aclamado unanimemente pelo povo como novo bispo. Apesar de resistir ao encargo, pois pensava que as funções de bispo o impediriam de ser um pregador e defensor da fé, S. Martinho termina por aceitar tal múnus, sem no entanto descuidar da visitação e pregação apostólica.
Sua benéfica e caritativa influência não se restringiu a Tours, mas visitou muitos lugares e paróquias, sempre zelando pelo culto, pela formação do povo e pelo cultivo da caridade.
Durante vinte e cinco anos, S. Martinho exerceu as funções de Bispo de Tours, fundou dezenas de comunidades religiosas e um outro grande mosteiro (Marmoutier).
Alquebrado pela fadiga apostólica, S. Martinho encontrava-se com oitenta e um anos quando a população clama pela ação enérgica de seu bispo em defesa da fé; ao que o santo bispo teria respondido: “Senhor, se o vosso povo precisa de mim, não vou fugir do trabalho. Seja feita a vossa vontade.”
Aos 8 de Novembro de 397, S. Martinho encontrava-se visitando Condate (atual Rennes) quando entregou sua vida repleta de dons e obras ao Senhor.
As primícias de S. Martinho:
S. Martinho de Tours foi o primeiro santo não mártir a ser reconhecido e cultuado pela Igreja.
Foi ele quem fundou a primeira escola – ligada ao bispado de Tours -, poderíamos dizer que é o padroeiro das escolas católicas.
O templo primitivo no qual se venerava a memória de S. Martinho foi chamado pelo povo de “capela”, por estar ligada a vida do santo à história de ter dado parte de sua capa ao mendigo.
A dinastia capetíngea (dos capetos, reis da França) teria este nome por ter recebido parte da capa de S. Martinho.
Somente na França quatro mil igrejas recebem o patrocínio de S. Martinho, há inúmeras outras igrejas em todo o mundo dedicadas à sua memória.
Povos inteiros como os franceses e portugueses celebram o dia de S. Martinho no dia 11 de Novembro por ser a data da deposição de seu corpo em Tours.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Lenda dos Quatro Irmãos

Publicada por A.Mendes



Para lembrar parte da História de Sande S. Martinho, voltamos a publicar a Lenda dos Quatro Irmãos.


Lenda dos Quatro Irmãos

APL 2719
Eram quatro irmãos. Fortes e belos. E amigos. Como não se conheciam outros. Quatro irmãos, órfãos de pai e mãe. Mas tão unidos que serviam de exemplo. Exemplo de lealdade e de compreensão.
Pois os quatro irmãos viviam ali, na freguesia de Sande, no cenário paradisíaco do Minho, e andavam sempre juntos. Um dia, o mais velho disse para os outros três:
— Rapazes! Vamos hoje à Feira Grande... Já tenho o carro aparelhado.
Voltou-se para o mais novo.
— Tu, arranja o farnel!... Leva bastante comida, hem! Vamos lá passar todo o dia e talvez mesmo um bocado da noite.
Depois dirigiu-se aos outros dois:
— E vocês preparem mantas para o regresso. Podemos voltar tarde e é capaz de arrefecer. Temos de ter cautela com a saúde!
Não tardaram a ser cumpridas as ordens do irmão mais velho. Este esfregou as mãos, jubilosamente.
— Assim, até apetece... Quando nós, os quatro irmãos, nos metemos ao trabalho, tudo se faz num instante!
Riram todos. Quatro gargalhadas frescas e sadias.
Apontando o carro já preparado para a viagem, o irmão mais velho acentuou:
— Vai ser um dia bem passado, lá isso vai!... Ou muito me engano, ou a Feira Grande este ano subirá de fama nas redondezas!
Os outros três corroboraram logo:
— Claro! Nós somos bem conhecidos e já nos esperam com toda a certeza!
— Seremos mais uma vez a grande atracção da feira, vocês vão ver!
— Quem é que pode resistir à boa amizade de nós quatro?...
E os quatro irmãos tomaram os seus lugares no carro e abalaram de corrida para a Feira Grande.
Tudo se passou tal como eles pensavam. A certa altura, tinham-se transformado nos heróis da Feira Grande. Quatro heróis. Sempre juntos, sempre amigos!
Porém, a multidão foi crescendo, aumentando, e acabou por separá-los, mau grado deles.
O mais novo dos quatro irmãos viu-se de súbito diante duma jovem de extraordinária formosura. Pareceu um pouco aturdido. Não se sentia bem. Faltava-lhe a companhia dos outros três. E tentou continuar à procura deles. Mas a jovem formosa cortou-lhe a passagem, olhou-o bem de frente e disse sorrindo:
— Escusais de pensar encontrar agora os vossos irmãos.
E acentuando o riso e o olhar:
— Fui eu própria que vos separei.
O mais novo dos quatro reflectiu primeiro surpresa, depois curiosidade.
— Vós, Senhora?... Mas para quê?... Por que motivo?
Ela inclinou-se para a frente. O seu perfume perturbou-o.
— Não gosto de concorrentes... Até à vossa chegada, era eu a rainha da festa!
Foi a vez do jovem sorrir.
— E continuais a ser, sem dúvida alguma…
Depois, talvez arrastado pelo perfume que aspirava, prosseguiu:
— A vossa beleza, Senhora, é superior a tudo quanto nos rodeia!
Ela meneou os seus belos cabelos negros, num ar de graça.
— Obrigada pelo madrigal!... Já vejo que sois poeta!
O rapaz começou a sentir-se mais à vontade.
— Se poesia se pode chamar à verdade, Senhora... Então, sim, sou poeta para cantar a vossa formosura...
Sem querer (ou talvez não) as mãos dela tocaram as mãos dele.
— Deveras me lisonjeais com tais palavras... Embora ainda tão novo, já sabeis falar muito bem!
O seu olhar tornou-se muito triste.
— Mas serei eu merecedora de tanta atenção?...
O mais novo dos quatro irmãos empertigou-se. Ganhou figura.
— Digo-vos mais, Senhora… Se vós quisésseis…
— Se eu quisesse?...
— Poderíamos ser felizes!
Calaram-se. Ela, a meditar. Ele, surpreendido com a ousadia das suas próprias palavras. E ainda desta vez foi a jovem bela e estranha a primeira a falar.
— Que dirão os vossos irmãos… quando souberem do nosso encontro?
Ele pareceu cair do sonho na realidade. Teve um movimento brusco de enervamento, a traduzir íntima inquietação.
— Tendes razão, Senhora... Preciso de falar imediatamente com os meus irmãos.
E agora, atrevidamente, foi o rapaz quem segurou as mãos dela, apertando-as nas suas. Com a violência do amor da juventude.
— Senhora, por tudo vos peço que não vos afasteis daqui... Eu voltarei em breve, para ficarmos juntos até a feira acabar!
Multiplicando-se em esforços, o mais novo dos quatro irmãos foi rompendo por entre a multidão, até que finalmente conseguiu encontrar os outros.
Ofegante, correu para eles.
— Irmãos!... Irmãos!... Ainda bem que os encontrei!
O mais velho fitou-o. Curioso e inquieto. Talvez desconfiado.
— Que se passa? Que tens tu?
Então o outro, lentamente, olhou os três, um por um, e disse devagar, silabando bem para que ouvissem melhor.
— Apaixonei-me!
Houve gargalhadas. Mas gargalhadas diferentes. Conforme as reacções de cada um.
— Deves ter bebido, com certeza!
— Apaixonado? Por alguma rapariguita da tua idade?
— Que partida é essa que tu nos queres pregar?
Mas, sem fazer caso, nem da troça, nem do desdém, nem da descrença, o mais novo dos quatro contou o seu maravilhoso encontro com a jovem formosa.
Os comentários choveram imediatamente:
— Se ela é assim, eu também a quero ver!
— Primeiro estou eu, que sou mais velho do que tu!
— Isso não interessa... Quem chegar primeiro é que vence!
— Porque não a trouxeste contigo?
— Foste um parvo! A esta hora já fugiu...
— Eu vou procurá-la!
— Nada disso... Quem vai sou eu!
De repente, o irmão mais velho resolveu impôr a sua autoridade. Pela primeira vez na vida dos quatros irmãos.
— Calem-se! Sou eu o mais velho de todos... Portanto sou eu que vou falar com a tal jovem... Depois lhes direi a minha opinião.
Simplesmente, tal como se conta, ele esqueceu-se de perguntar qual o local onde a rapariga ficara. E, assim, teve de percorrer a Feira Grande em várias direcções, sem que a descobrisse.
Já estava prestes a desistir, quando ouviu alguém rir mesmo junto de si. Voltou-se. Era uma rapariga estranhamente bela.
— Não me digais que sois vós o tal irmão mais velho que anda à minha procura...
Ele suspirou. Encontrara-a, finalmente! E confessou:
— Sou eu, sim... E tenho muito prazer em verificar que o meu irmão mais novo falou verdade!
Ela tornou a rir. Um riso cristalino mas esquisito…
— Perdoai, Senhora… Posso saber porque razão estais tão alegre?
Ela envolveu-o num olhar meigo e perturbador. Incómodo também.
— Estou a rir… porque já todos passaram por aqui... Os outros vossos três irmãos.
— Eles fizeram isso?
— E porque não?
As duas perguntas quase se chocaram. Depois o irmão mais velho tentou esclarecer:
— Não o deviam ter feito... Sabiam que eu tinha vindo precisamente à vossa procura... Para falar primeiro convosco, Senhora!... Eu tenho essa primazia. Sou o mais velho dos quatro!
Os olhos dela semicerraram-se, num olhar felino.
— Pois escutai, então... Eles passaram por aqui... e estão apaixonados por mim!
Seria um desafio? Ele assim o entendeu. E não hesitou na resposta:
— Pior para eles!... Só eu, Senhora, tenho direito ao vosso amor!
A surpresa pareceu estampar-se no rosto da rapariga. Surpresa sincera. Surpresa grande.
— Como? Que dizeis?... Tendes o direito ao meu amor? Porquê?...
Ele compreendeu que se excedera. Procurou adoçar a explicação:
— Bem vedes, Senhora… Sou o mais velho dos quatro… O mais experiente... O que mais vos pode oferecer... Os outros dependem de mim... Entendeis-me, não é assim? Como mais velho, devo ter sempre a prioridade!
Ela pareceu não se conformar.
— Enganais-vos. Em amor, não há prioridade. Só eu posso decidir. Ouvis bem? Só eu quero decidir!
O homem achou melhor não prolongar a discussão. E limitou-se a perguntar:
— Se assim é… que decidis?
Altiva, mais bela do que nunca, a estranha desconhecida ditou então ao vento a sua resposta, como se o vento levasse as palavras para a eternidade:
— Quereis saber o que eu disse aos vossos três irmãos?... Escutai, pois: Casarei com aquele que entre vós for o mais valente e o mais forte!
Agora foi ele a rir. Um riso de triunfo.
— Mas, Senhora, eu sou tudo isso!
E logo ela, num ar gaiato e provocante, inquiriu:
— Como o provais?...
Diante da falta de resposta, continuou:
— Cada um dos vossos três irmãos afirmou também que era o mais forte e o mais valente!
— Mas eu sou o mais velho, Senhora!
Ela encolheu os ombros, espicaçando-lhe o brio.
— Isso nada prova!
O homem agarrou-a pelos ombros, numa decisão súbita.
— Que desejais?
E a rapariga, libertando-se sem grande esforço, acentuou pausadamente:
— Já que me quereis... é preciso que os quatro lutem entre si, até que um fique vencedor dos outros três... Esse será o mais valente e o mais forte. E esse será também o que me conquistará!
O mais velho dos quatro baixou a cabeça. Parecia vergado por um peso enorme. Talvez o peso da própria consciência.
— Senhora, o que pedis é realmente terrível!... Assim se destruirá para sempre a amizade dos quatro irmãos... Uma amizade que vale como exemplo, Senhora!
A resposta dela foi cruel, mas excitante:
— Eu só poderei pertencer a um de vós… e não aos quatro! Não pensais assim?
O homem hesitou ainda, antes de falar. Por fim, as palavras saíram em voz soturna:
— Pois será satisfeito o vosso desejo, senhora... Vou à procura dos meus irmãos!
Mas logo a jovem formosa, intencionalmente aproximou-se dele e apontou para bem perto.
— Não vos canseis... Eles já estão à vossa espera, lá em baixo...

Foi um encontro brutal. Os quatro irmãos (antigamente tão amigos e unidos, como outros não havia) olhavam-se agora cheios de rancor.
Pela primeira vez nascera o ódio entre eles. Um teria de matar os outros, para mostrar que era o mais forte e o mais valente. E conquistar aquela mulher estranhamente bela, que os olhava lá de cima, como que envolta numa auréola de luz. De luz ou de fogo?...
A luta começou. Luta de vida ou de morte. De qualquer modo, luta de tragédia, entre quatro irmãos que até bem pouco antes eram exemplo de compreensão e lealdade!
O mais velho foi afinal o primeiro a sucumbir... Depois outro... E logo outro... Por prodígio, aquele que conseguira resistir até ao fim era o mais novo. Mas também pouco lhe restava de vida. Ele bem o compreendeu, ao olhar os corpos dos irmãos caídos por terra.
E então, sem voltar a olhar sequer lá para o cimo, onde estava a mulher desejada, começou a arrastar-se, com as poucas forças que lhe restavam, a caminho da igrejinha que ficava próximo dali...
Foi desse modo que lá conseguiu chegar. Esvaindo-se em sangue. Morrendo aos poucos.
Quis levantar-se, mas caiu nos braços do prior.
— Padre, meu bom padre… ajudai-me!
O sacerdote impressionou-se.
— Meus Deus! Nesse estado… Mas que aconteceu?
Em voz agonizante, mal se ouvindo por vezes, o pobre rapaz, único sobrevivente dos quatro irmãos, contou a sua história triste. Triste e dolorosa.
O padre benzeu-se rapidamente e benzeu o moribundo.
— Meu pobre filho... Tu e os teus irmãos foram certamente enganados pelo Demónio, na figura de uma mulher perversa...
E suspirando, de olhos erguidos ao céu:
— Meus Deus, fazei que ao menos se possam salvar as suas almas!
Com muito custo, o sacerdote conseguiu levar o rapaz agonizante ao local onde se desenrolara a terrível e singular batalha. Mas, chegados aí o jovem não resistiu mais. Tombou também para sempre, ao lado dos outros. De novo estavam juntos, os quatro irmãos!
Lá os enterrou, o bom sacerdote, colocando-os lado a lado, e rezando-lhes as últimas orações, para que as almas não se perdessem.
E fosse pelo que fosse, a verdade é que sobre a campa de cada um dos quatro irmãos surgiu, mais tarde, um penedo, que passou a marcar para o futuro a triste sepultura…
E a povoação que depois se ergueu nesse mesmo local ficou a denominar-se a Terra dos Quatro Irmãos. E, mais modernamente, apenas Quatro Irmãos.
Fonte BiblioMARQUES, Gentil Lendas de Portugal Lisboa, Círculo de Leitores, 1997 [1962] , p.Volume I, pp. 241-246
Place of collectionSande (São Martinho)GUIMARÃES, BRAGA
Narrativa

quarta-feira, 30 de julho de 2014

História de Sande 12ª e ultima Publicação

Publicada por A.Mendes



Ao terminar a publicação da História de Sande não podia esquecer o Padroeiro da Freguesia S. Martinho, contando a sua vida que muitos desconhecem, espero nestas semanas de publicações ter contribuido para que muitas pessoas ficassem a conhecer a história da nossa Freguesia.



O dia de S. Martinho: comemorações e tradições


No calendário litúrgico, o dia de S. Martinho celebra-se a 11 de Novembro, data em que este Santo, falecido dois ou três dias antes em Candes, no ano de 397, foi a enterrar em Tours, França.
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Actualmente, não sendo o uso do missal tão frequente, nem todos os crentes católicos se lembrarão de ver, nos dias festivos do ano, o que se diz relativamente ao dia 11 de Novembro e ao seu Santo: «São Martinho é o primeiro dos Santos não Mártires, o primeiro Confessor, que subiu aos altares do Ocidente (...) A sua festa era de guarda e favorecida frequentemente pelos dias de “verão de S. Martinho”, rivalizando, na exuberância da alegria popular, com a festa de S. João.» (in Missal de Dom Gaspar Lefebvre )

Com efeito, S. Martinho foi, durante toda a Idade Média e até uma época recente, o santo mais popular de França. O seu túmulo, abrigado desde o séc. V por uma Basílica (sucessivamente destruída e reconstruída) em Tours, era o maior centro de peregrinação de toda a Europa Ocidental. A sua generosidade e humildade, aliadas a uma enorme fama de milagreiro fizeram dele um dos santos mais queridos da população.
Ainda hoje o seu espírito continua a ser fonte de inspiração: em 2005, São Martinho foi reconhecido pelo Conselho Europeu «personnage européen, symbole du partage», tendo este conceito de partilha revestido uma oportuna contemporaneidade (para saber + sobre o conceito de "partage citoyen" ver aqui).
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São Martinho é também santo patrono dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes, dos restauradores (hoteis, pensões, restaurantes), dos produtores de vinho e dos alcoólicos reformados, dos soldados... dos cavalos, dos gansos, e orago de uma série infindável de localidades de Beli Benastir, na Croácia, a Buenos Aires, na Argentina (Catholic Community Forum) passando, evidentemente, por numerosíssimas sítios de Norte a Sul de Portugal. (ver Toponímia )

O facto de o seu dia coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura do calendário rural em que terminam os trabalhos agrícolas e se começa a usufruir das colheitas (do vinho, dos frutos, dos animais) leva a que a festa deste Santo tenha toda uma componente de exuberância que actualmente tende a prevalecer.

Assim, em Portugal, o dia de S. Martinho é invocado nas cerimónias religiosas dos locais de culto, e o seu espírito de solidariedade lembrado, quanto mais não seja, através do relato do episódio em que partilhou a sua capa com um pobre; mas de resto, e por todo o lado, as pessoas andam ocupadas nas actividades mencionadas nos provérbios sobre este dia: assam-se castanhas, prova-se o vinho...

Acerca do assunto, escreve o conceituado etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros. vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987)
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O conhecimento que se tem da vida de S. Martinho, apelidado de apóstolo da Gália, é devido principalmente ao seu primeiro e mais dedicado biógrafo, Sulpício Severo (c.360-c.420), historiador cristão de expressão latina, nascido na Aquitânia, também declarado santo.

Quando conheceu S. Martinho, já este era bispo vivendo no entanto fiel ao ideal monástico, recolhendo-se longe do fasto do palácio episcopal. Sulpício Severo tornou-se seu discípulo, amigo e biógrafo. É graças a ele que hoje temos um relato precioso da vida deste Santo
A Vida de S. Martinho (Vita Martini ) de Sulpício Severo que, de acordo com a professora Maria Luísa V. de Paiva Boléo, foi «um livro que teve enorme repercussão no mundo medieval. Espalhou-se até Cartago, Alexandria e Síria. Sabe-se que este livro foi muitíssimo lido (Enciclopedia Cattolica, Cidade do Vaticano, 1952, p. 220), o que era difícil numa época em que os livros eram caros e quando só o clero e monarcas mais cultos os leriam, mas o certo é que foi um verdadeiro "best-seller"» (fonte), nunca teve tantos leitores como hoje em dia, pois circula na internet em latim e em pelo menos mais dois idiomas: francês e inglês.

Algumas datas mais importantes da vida de S. Martinho (Ver mais)
316 - Nasce S. Martinho, filho de um oficial romano, na Panónia (região da actual Húngria).
326- Com apenas 10 anos e por sua vontade torna-se catecúmeno (aspirante a cristão).
330- É obrigado a ir para o exército onde pratica o ideal cristão de humildade e generosidade.
337- Dá-se o episódio lendário em que S. Martinho partilha a sua capa de soldado com um pobre.
Em data indeterminada S. Martinho abandona o exército.
354- S. Martinho chega a Poitiers onde se desloca para se juntar a Santo Hilário. Mas logo a seguir vai para a Itália com o objectivo de rever a família e evangelizar os seus conterrâneos.
355-360- S. Martinho é expulso da sua própria terra (por causa do Arianismo) e passa um tempo isolado na ilha de Galinária, no meio do Mar Tirreno.
361- S. Hilário volta para Poitiers e S. Martinho também.
361- Funda uma comunidade monástica (a primeira da Gália) em Ligugé, a 6 km de Poitiers.
371- S. Martinho torna-se Bispo de Tours, cargo que ocupará cerca de 26 anos até à sua morte.
372- Funda a comunidade monástica de Marmoutier, perto de Tours.
397- S. Martinho morre em Candes perto de Tours. No dia 11 de Novembro é enterrado com pompa e circunstância na cidade de que fora Bispo durante mais de um quarto de século.


Textos biográficos
Em língua portuguesa não abundam biografias sobre o santo. Para além dos dois resumos biográficos que a seguir se transcrevem, poucas mais referências se encontraram (ver mais abaixo*).
O primeiro resumo biográfico encontra-se no conhecido (mas já em desuso) Missal de de Dom Gaspar Lefebvre e foi transcrito de um artigo da autoria de Luís Chaves, intitulado "São Martinho de Tours", (publicado na Separata da Revista de Etnografia nº1 do Museu de Etnografia e História, em 1963)
«São Martinho é o primeiro dos Santos não Mártires, o primeiro Confessor, que subiu aos altares no Ocidente. No dizer de Durando de Mende, a liturgia consagra-lhe um lugar semelhante aos dos Apóstolos, por ter sido ele quem concluiu a evangelização das Gálias. A sua festa era de guarda e favorecida frequentemente pelos dias de "verão de São Martinho", rivalizando, na exuberância da alegria popular, com a festa de S. João. Tinha Oitava como S. Lourenço, porque S. Martinho, "pérola dos sacerdotes", era entre os Confessores o que S. Lourenço era entre os Mártires, o maior dos Confessores. Nasceu na Sabária Panónia) e veio para as Gálias como soldado.
Sendo ainda catecúmeno, deu um dia perto de Amiens a um pobre, que Ihe pedia esmola por amor de Cristo, metade da clâmide. Na noite seguinte, Jesus Cristo apareceu-lhe vestido com essa metade que ele dera ao pobre, e disse-lhe: "Martinho, sendo ainda catecúmeno, vestiu-me com este manto".
Recebeu o baptismo aos 18 anos. Depois de viajar pelo Oriente, onde se iniciou na vida monástica, faz por algum tempo vida de eremita numa ilha das costas da Ligúria. Finalmente, fez-se discípulo de Santo Hilário, que então florescia na cadeira episcopal de Poitiers e fundou no deserto de Ligugé, a duas léguas da sede do Bispado, um mosteiro para onde se retirou com alguns discípulos. Lançou assim os alicerces do monaquismo nas Gálias.
Mas Deus não queria que esta luz, ficasse oculta debaixo do alqueire, e S. Martinho foi arrancado à paz da solidão e revestido da dignidade episcopal, que lhe deu ensejo para desenvolver largamente os dotes do seu coração de apóstolo. Pregou o Evangelho pelos campos da Gália e extirpou de vez os resíduos tenazes do paganismo, que tinham resistido à investida cristã a coberto da superstição e da ignorância do povo. Colocado à frente da diocese de Tours, fundou a célebre abadia de Marmoutiers ou o grande mosteiro aonde com frequência se retirava para viver mais longe do mundo,e mais perto de Deus. Cercavam-no oitenta monges de vida santíssima, pautada pelo exemplo e regra dos eremitas da Tebaida.
Viveu mais de oitenta anos, ocupado sempre com a glória de Deus e a salvação das almas, e morreu em Candes, perto de Tours, em 397.
Ao seu túmulo afluíam de toda a parte peregrinações frequentes. Gregório de Tours, que lhe sucedeu, não hesita em chamar-lhe o "Patrono de todo o mundo". Poucos santos alcançaram a popularidade dele. Só em França há perto de mil igrejas paroquiais e 485 burgos e lugares com o seu nome. Em Roma é notável a igreja de S. Silvestre e S. Martinho, onde se faz a estação de quinta-feira da quarta semana da Quaresma.
A capa de São Martinho era conduzida à frente dos exércitos em tempo de guerra e nela se pregavam os sermões solenes em tempo de paz. Símbolo da protecção, que S. Martinho dispensava à França, esta capa deu o nome ao oratório, que a guardava, e a todos os oratórios, ou "capelas"»
Para referir este artigo
Chaves, Luís -"São Martinho de Tours", in Separata da Revista de Etnografia nº1, Museu de Etnografia e História (1963)

O segundo resumo biográfico é da autoria de Alves de Oliveira e encontra-se no vol. 13 da Enciclopédia Luso- Brasileira de Cultura (Verbo):
«Martinho de Tours (São) -Bispo de Tours (n. actual Szambatkely, Hungria, 316 ou 317- m. Candes, França, 8.11.397).
Filho de um oficial do exército romano e nascido num posto militar fronteiriço, após estudos humanísticos, em Pavia, aos 16 anos entrou para o exército quando já a sua vontade o inclinava a fazer-se monge (aos 10 anos inscrevera-se como catecúmeno). Em breve ganhou fama de taumaturgo.
Em Amiens, provavelmente em 338, durante uma ronda nocturna no rigor do Inverno encontrou um pobre seminu: não tendo à mão dinheiro para lhe valer, com a espada dividiu ao meio a sua clâmide que repartiu com o desconhecido.
Na noite seguinte, em sonhos, viu Jesus, que disse:
"Martinho, apesar de somente catecúmeno, cobriu-me com a sua capa."
Recebeu o baptismo na Páscoa de 339, continuando como oficial da guarda imperial até aos 40 anos. Abandonando a vida castrense, foi ter com Sto. Hilário de Poitiers, que lhe conferiu ordens sacras e lhe deu possibilidade de levar vida monacal: nasceu, assim, o famoso Mosteiro de Ligugé. Eleito, por aclamação, bispo de Tours, foi sagrado provavelmente a 4.7.371.
Ardente propagador de fé, fundou, em Marmoutier, um mosteiro donde sairam notáveis missionários e reformadores. Demoliu templos pagãos e levantou mosteiros como sustentáculos da evangelização. Humilde e pacífico, manteve a sua independência perante o abuso da autoridade civil.
O fascínio das suas virtudes radicadas na generosidade do seu zelo, na nobreza de caracter e, sobretudo, na sua bondade ilimitada mantida para alem da morte na prodigalidade dos seus milagres, magnificamente descritas pelo seu discipulo Sulpício Severo, fez com que S. M. T. fosse durante muitos séculos o santo mais popular da Europa Ocidental. A sua memória litúrgica é a 11 de Novembro.»

Uma vida lendária

Há muitos episódios lendários ligados a S. Martinho pois este teria feito muitos milagres.

Parece que em seu redor as coisas aconteciam sempre melhor, eram mais belas e mais cheias de inspiração: o mal transformava-se em bem, as pessoas tinham visões maravilhosas, a própria natureza tornava-se espelho da bondade e da vontade do Santo.

A Vida de S. Martinho de Sulpício Severo (c.360-c.420), está repleta destas histórias, tendo sido a principal fonte dos livros dos Milagres de S. Martinho, por Grégoire de Tours (538-594).

O mais conhecido dos episódios, a passagem da vida generosa do Santo, em que ele partilha a sua capa com um pobre, deu origem à Lenda do Verão de S. Martinho (ler versão abreviada para crianças) representada vezes sem conta por artistas anónimos e também pelos mais célebres, como por exemplo o pintor El Greco (imagem da esquerda: "San Martín y el mendigo" > 1597/99, National Gallery of Art, Washington ).

E todos os anos, continuando a tradição, crianças e jovens das escolas elaboram desenhos e pinturas sobre este episódio, alguns demonstrando uma sensibilidade verdadeiramente notável.
...

Mas em França, a expressão "Verão de S. Martinho" é associada ao facto milagroso de terem florido as plantas, reverdecido as árvores e os pássaros terem começado a cantar, à passagem do corpo do Santo, levado de barco de Candes > , onde falecera aos 81 anos, para Tours onde foi enterrado.




Provérbios - S. Martinho
· A cada bacorinho vem o seu S. Martinho.
· A cada porco vem o seu S. Martinho.
· Em dia de S. Martinho atesta e abatoca o teu vinho.
· Martinho bebe o vinho, deixa a água para o moinho.
· No dia de S. Martinho, fura o teu pipinho.
· No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
· No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o porquinho, abre o pipinho, põe-te mal com o teu vizinho. (sic.)
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.
· No dia de S. Martinho, mata o teu porco e bebe o teu vinho.
· No dia de S. Martinho, vai à adega e prova o teu vinho.
· Pelo S. Martinho abatoca o pipinho.
· Pelo S. Martinho castanhas assadas, pão e vinho.
· Pelo S. Martinho mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.
· Pelo S. Martinho nem nado nem no cabacinho.
· Pelo S. Martinho prova o teu vinho; ao cabo de um ano já não te faz dano.
· O Sete-Estrelo pelo S. Martinho, vai de bordo a bordinho; à meia-noite está a pino.
· São Martinho, bispo; São Martinho, papa; S. Martinho rapa.*
· Se o Inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo S. Martinho.
· Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo S. Martinho.
· Veräo de S. Martinho säo três dias e mais um bocadinho.
· Vindima em Outubro que o S. Martinho to dirá.

S. Martinho no seu tempo- algumas datas

312- Antes de uma batalha Constantino, sonha com Cristo e tem uma visão da cruz.
313- Constantino e o seu co-imperador Licínio promulgam o Édito de Nantes em que se
proclama a tolerância do cristianismo.
316 - Nasce S. Martinho, filho de um oficial romano, na Panónia (região onde hoje é a Hungria).
318-381- Arianismo. Heresia propagada por Arius, padre em Alexandria que declarava que Cristo era diferente do Pai, de Deus.
324-337 – Constantino, o Grande
325- Concílio de Nicea, convocado por Constantino declara que o Filho é Deus (o que negava o Arianismo, que punha em causa esse dogma)
326- S. Martinho com apenas 10 anos e por sua vontade torna-se catecúmeno (aspirante ao baptismo).
330- Bizâncio torna-se a capital cristã do Império com o nome de Constantinopola (2ª Roma).
330- S. Martinho é obrigado a ir para o exército onde pratica o seu ideal cristão de humildade e generosidade.
337- Dá-se o episódio lendário em que S. Martinho partilha a sua capa de soldado romano com um pobre (em Amiens).
337- Morre Constantino e sucede-lhe o filho, Constantino II- O Arianismo torna-se obrigatório.
-Em data indeterminada S.Martinho abandona finalmente o exército.
354- S. Martinho chega a Poitiers onde se desloca para se juntar a Santo Hilário. Mas logo a seguir volta para a Itália com o objectivo de rever a família e evangelizar os seus conterrâneos.
355- S. Hilário bispo de Poitiers é exilado para a Frígia.
355-360- S. Martinho é expulso da sua própria terra (por causa do arianismo) e passa um tempo isolado na ilha de Galinária, no meio do Mar Tirreno.
361- S. Hilário volta para Poitiers e S. Martinho também.
361- Morre o Imperador Constantino e com ele a predominância e obrigatoriedade do arianismo.
361- S. Martinho funda uma comunidade monástica (a primeira da Gália) em Ligugé, a 6 km de Poitiers.
371- S. Martinho torna-se Bispo de Tours, cargo que ocupará cerca de 26 anos até à sua morte.
372- Funda a comunidade monástica de Marmoutier, perto de Tours.
375- Início das grandes invasões.
380- Édito de Tessalónica. O Arianismo é proibido no na parte oriental do Império.
384-395- Teodósio, o Grande. Depois da sua morte o Império fica dividido entre os seus filhos. É o fim da unidade do Império romano: o Império de Oriente seguirá o seu próprio caminho, o de Ocidente ainda durará cerca de 80 anos.
391- O Cristianismo torna-se religião de estado. Proibição de todos os cultos pagãos.
397- S. Martinho morre em Candes perto de Tours. No dia 11 de Novembro é enterrado com pompa e circunstância na cidade de que fora Bispo durante mais de um quarto de século.