Entre as árvores para o que resta do casario da antigJoão Rodrigues aponta a povoação. "Era aqui a famosa aldeia de Vilarinho da Furna". Foi ali que nasceu, há mais de 60 anos, na povoação encravada entre as serras do Gerês e da Amarela. Para trás, na história da aldeia, estão 40 anos de submersão nas águas da barragem que lhe tomou o nome.
O antigo morador vive hoje em Vila Verde e é um dos 30 antigos moradores que quis regressar a Vilarinho para acompanhar a apresentação do projecto NaturParque. Desde 1971 que ninguém aqui mora, depois de preparado o caminho para a subida das água do rio Homem. Mas, em ocasiões como esta, os vilarinhenses aproveitam para regressar às origens.
Especialmente a 8 de Dezembro, dia da padroeira da aldeia, Nossa Senhora da Conceição. Ano após ano, os antigos moradores continuam a aproveitar a data para se encontrarem, lembrando as velhas festas no coração da aldeia. "Íamos de porta em porta chamar os convidados", lembra João Rodrigues. A ementa era composta habitualmente por cabra com batata e arroz de miúdos. Para a sobremesa ficavam as rabanadas, feitas com pão espanhol, quando a fronteira se atravessava ilegalmente.
Os antigos moradores não perderam o contacto entre si, especialmente desde que, em 1985, criaram a associação A Furna, empenhada na preservação da aldeia comunitária. Hoje, para os que sobreviveram a quatro décadas, as memórias da vida na aldeia confundem-se com as do seu fim.
Veja uma reportagem fotográfica aquando de uma visita feita por mim e familiares á anos com a povoação sem estar submersa
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