Fonte:Jornal o Reflexo.
Aos Emigrantes
Neste mês de Agosto em que a maioria dos nossos emigrantes nos visita, queria deixar aqui presente o enorme respeito e admiração que por eles tenho.
Este respeito e admiração nascem de uma apreciação genuína da coragem que lhes reconheço e aprecio por fazerem aquilo que eu penso nunca ter coragem para fazer, emigrar!
Não consigo imaginar estar longe dos meus por tanto tempo, numa terra que por muito que nos adaptemos nunca vai ser a nossa. Enfim, admiro-vos.
Não consigo imaginar a vossa preocupação quando o telefone toca numa hora que não é habitual. Basta ver quando recebemos uma chamada da escola dos nossos filhos no horário em que lá estão. O coração salta! E na maior parte das vezes é para avisar que têm um pouco de febre e vamos logo a correr buscá-los.
Dado este exemplo, não consigo deixar de pensar nos pioneiros da emigração nos anos 60 do século passado e que segundo histórias que vou ouvindo iam a “monte” sem os filhos que muitas vezes deixavam a cargo dos Avós. Naquele tempo sem a facilidade de comunicações de hoje em que nem um telefone havia na maioria das casas e se ligava para o vizinho, que por simpatia ia chamar ou então avisar a hora que iria voltar a ligar. O que sentiam quando recebiam uma chamada fora do habitual? Ou uma carta naquele tempo em que muitas das más notícias ainda chegavam por carta e desfasadas do tempo?
Fico ainda pensativo e tento pôr-me no vosso lugar nas duas situações que mais mexem convosco nesta altura: quando preparam as malas e regressam a Portugal para as férias em que a viagem deve demorar uma eternidade tal a ânsia de chegarem junto dos vossos e depois imagino a dor na hora de partir. Quantos de vocês já tiveram vontade de não regressar?
Nos últimos anos tivemos, infelizmente, outra grande vaga de emigração devido a dois fatores, talvez interligados: a crise que assolou a Europa e na qual Portugal foi dos países que mais sofreu, e devido à falta de oportunidades para os recém formados que não encontram oportunidades no nosso país. Mas não pensemos que agora é mais fácil e que vão melhor preparados. O aperto no coração é o mesmo, e tenho a certeza que a maioria se tivesse cá oportunidades não arredava pé!
Por fim, não podia deixar de vos dizer o orgulho que sinto em vocês, pelo orgulho que vocês sentem no nosso Portugal e a forma como o demonstram por esse mundo fora.
O vosso orgulho enche-nos de orgulho. Obrigado.
Desejo a TODOS, aos Emigrantes e aos que vão teimando por cá, umas BOAS FÉRIAS!
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